Carlos Teixeira“A notícia em tempo real”. Com esse chavão, muitos sites de notícias alardeiam que oferecem aos seus leitores as notícias no momento em que elas acontecem. Num primeiro momento, os internautas ficam excitados, com a possibilidade de saber tudo o que está acontecendo no ato da notícia.
Quinto semestre
A defesa da divulgação dos fatos no momento em que eles acontecem é justificada pelo argumento de que o leitor precisa ser informado imediatamente sobre um acontecimento, mesmo que haja incorreções. Os defensores dessa tese alegam ainda que se houver mudanças, elas serão divulgadas durante o desdobramento da notícia.
Aqueles que são contra essa prática afirmam que uma informação errada, publicada no afã de dar um furo jornalístico, pode trazer sérios problemas para quem está no outro lado do teclado. Entretanto, é preciso ponderar que o cidadão diante do computador é um incluído digitalmente e, portanto, tem instrução suficiente para avaliar o que está lendo e fazer um julgamento sobre a consequência da notícia.
Nenhum milionário investidor na bolsa de valores vai aplicar todo o seu dinheiro numa empresa que supostamente estaria oferecendo grandes vantagens para novos investidores, só porque leu isso num site de notícias. Cauteloso, ele vai consultar os seus diretores, familiares ou a própria Bolsa de Valores sobre os riscos desse procedimento, antes de queimar toda a sua fortuna.
O fato é que, mesmo as informações publicadas com extensa apuração em jornais ou revistas, com checagem e cruzamento de informações, acabam gerando correções e outros desdobramentos, publicados em edições posteriores. Diante disso, nada mais natural do que ir informando o leitor sobre o que está acontecendo, na medida em que o fato se desenrola.
Aliás, esse não é um privilégio somente do jornalismo virtual. Quem não se lembra do atentado de 11 de setembro de 2001, contra as torres gêmeas, nos Estados Unidos da América, quando todas as emissoras de televisão do mundo ficaram ao vivo dando as últimas notícias sobre a tragédia? E quantos “enganos” não foram divulgados durante as transmissões e corrigidos instantes depois. O cidadão que acompanhava o noticiário não desgrudou os olhos dos aparelhos de televisão, ou os ouvidos do rádio, para saber os últimos detalhes. E quem tinha o privilégio de acompanhar pela internet, fazia o mesmo, esperando as atualizações dos sites da CNN, do G1, do UOL, do Terra, da Folha Online e de tantos outros que traziam as últimas informações sobre o caso.
A sociedade é dependente de informação e sabe avaliar (ou até mesmo esperar) por outras informações que vão formar o contexto da notícia. Fazer jornalismo em tempo real é poder proporcionar ao leitor/internauta a possibilidade de viver a notícia no calor de seu momento. O cidadão que está diante da tela se sente um jornalista, repassando para quem está ao seu lado o que acabou de ler, ficando sedento por novas informações.
Não se tem notícia, pelo menos até esse momento, de nenhum dano sério causado por uma notícia equivocada publicada em tempo real. Isso porque todos os “equívocos” foram esclarecidos instantes depois da publicação, com citações de envolvidos na história e apurações mais detalhadas.
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