segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quem controla quem?

Ricardo Moreira
Sexto semestre

Estamos na era digital, período em que as pessoas não têm tempo para nada. A correria do dia a dia tem cada vez mais ofuscado a visão de muitos. Aqueles que, há uma década, tinham pavor de um aparelho celular e muito menos sabiam manipular um computador, hoje se veem obrigados, até mesmo por necessidade, a ter acesso a esses mecanismos tecnológicos.

A internet veio para ficar. Milhares de pessoas no mundo todo gastam horas e horas na frente de um computador em sites de relacionamentos e pesquisas. Enfim, o ser humano criou meios de se monitorar 24h por dia. Em todo lugar por onde quer que andem, lá estão elas, as câmeras de segurança, instaladas em praças, shoppings, ruas e lojas particulares. Elas estão sempre atentas aos movimentos de cada cidadão que trafega pelo local.

O filme Controle Absoluto retrata muito bem as tecnologias disponíveis no mundo (algumas que ainda nem sequer chegaram no Brasil), mas que se tornam uma espada de dois gumes quando caem na mãos das pessoas erradas. Trazendo isso para uma realidade mais próxima, hoje qualquer um de nós pode efetuar compras pela internet e até fazer movimentações bancárias sem sair de casa. Mas até onde podemos confiar em tudo isso?

A corrupção está presente em todo lugar e principalmente onde os criminosos encontram facilidade para atuar, até mesmo nos lugares mais improváveis. Com toda tecnologia dos Estados Unidos e com uma equipe de pessoas extremamente preparadas para combater o crime, eles foram pegos de surpresa por um funcionário que conseguiu manipular uma “máquina altamente tecnológica”, ou seja, isso prova que ninguém está livre de ser rasteado por qualquer que seja a tecnologia dispensada.

Controle Absoluto. Não haveria nome melhor para um filme que mostra o controle da tecnologia e a influência que ela exerce na vida das pessoas. Naquele caso, os personagens eram obrigados a fazer tudo que a voz pelo celular os obrigava. Uma batalha contra eles mesmos que se tornaram reféns da tecnologia imposta e do sistema que exigia certas atitudes para garantir a sobrevivência dos dois personagens.

Você pode imaginar de uma hora para outro ser monitorado por criminosos que o obrigam a fazer coisas absurdas? Pois é foi o que aconteceu com Jerry, personagem do filme. A vida dele se tornou um inferno de uma hora para outra. Os personagens passaram a ser escravos de uma voz misteriosa e eram obrigados a vivenciar momentos de horror a cada ligação que recebiam com uma nova ordem.

Assista ao trailer do filme:


Mas será que essa dramaturgia recebeu alguma inspiração no que acontece nos dias atuais? Será que indiretamente não é assim que vivem milhares de pessoas no mundo todo ? Desde o surgimento da web, os jovens dos dias atuais passam horas e horas conectados à internet e deixam de viver momentos importantes de suas vidas, que jamais voltarão.

No filme, vimos que os personagens eram reféns diretamente de ordens exercidas por uma facção criminosa, ou seja, era questão de vida ou morte obedecerem às ordens outorgadas (uma espécie de escravidão). Na verdade, o pior escravo é aquele que é escravo de si mesmo, aquele que não consegue conter suas compulsões e vive uma vida de dependência, uns com vícios em drogas, álcool, sexo e outras coisas mais; outros, a um confinamento na internet. Será que não é um controle absoluto o que a rede mundial de computadores exerce sobre os indivíduos, aqueles que perdem os fins de semana gastando horas e horas na frente do computador?.

Existem hoje muitas discussões em relação à privacidade. As câmeras de segurança são grandes aliadas no combate à criminalidade, são responsáveis pelo controle da segurança de shoppings e locais públicos; eficazes e instaladas em locais estratégicos, conseguem, na maioria da vezes, coibir a ação dos bandidos, mas não conseguem erradicar o crime de uma vez por todas.

Na verdade, o problema é cultural. Por mais que a tecnologia avance, apenas facilitará o trabalho das autoridades. O crime nunca será erradicado. É preciso conscientização de todos para “tentarmos” levar adiante uma sociedade mais justa.

A tendência é as coisas serem digitalizadas, tornando a vida da humanidade cada vez mais prática e rápida. A intensão da tecnologia é facilitar a vida das pessoas, mas quando este recurso não é usado de maneira correta pode se tornar em um transtorno e causar uma catástrofe na vida de muitos.

Sim, é muito prazeroso fazermos em questão de segundos coisas que há alguns anos levariam dias, semanas ou meses. O filme Controle Absoluto mostra que ninguém está livre de qualquer tipo de manipulação. Mostra que não podemos confiar no ser humano, que muitas vezes nos decepciona, muito menos nas máquinas, que são vulneráveis à interferência desse animal racional.

Não generalizando todos os seus âmbitos, a tecnologia ao contrário do que dizem, não é sinônimo de uma vida tranquila e segura. Ninguém pode ser escravo de um aparelho que não possui vida própria, a liberdade deve ser cultivada acima de tudo. Os recursos tecnológicos existentes nos dias atuais servem de complemento para uma vida mais ágil , já que no século 21 somos escravos de um sistema no qual ninguém tem tempo nem pra si mesmo, mas não deve ser uma regra de conduta em nossas vidas .

Mas afinal o que é tecnologia ? No censo comum, é tudo aquilo que proporciona ao ser humano uma vida melhor, aquilo que evoluiu com o tempo e leva a humanidade a viver uma vida ágil e mais acomodada. Os valores sociais que com o tempo foram esquecidos, uma espécie de remoção dos marcos antigos.

Não esquecendo que para toda causa existe um efeito, como um remédio: seus efeitos colaterais, a poluição do ar, tempo instável e catástrofes na natureza, alimentação errada, desenvolvimento de doenças, etc... Ou seja, tudo tem seus pontos positivos e negativos, quem for sábio desfruta do melhor de todas as coisas, pois “todo extremo é muito perigoso."

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