domingo, 10 de maio de 2009

Mais que testes e decoreba

Elissa Moreli
Quinto semestre
Paulo Renato Souza é o novo secretário da Educação em São Paulo. Um pedido do governador Serra o fez assumir o cargo e dar uma forcinha em um dos cenários mais críticos do País: a educação pública.

Porém, o que entrou em discussão na entrevista com o jornal Folha de S.Paulo foram as novas condições que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) está sendo aplicado. Agora, a prova servirá para avaliar e selecionar os estudantes que pretendem entrar em universidades públicas. Das 63 questões hoje aumentarão para 200 e será cobrado mais conteúdo. E é aí que se encontra o erro, segundo Paulo Renato, que foi o criador do exame na época do governo FHC. O secretário explica que o principal objetivo do Enem era estimular o raciocínio lógico, a criatividade e desenvolver nos jovens métodos plausíveis para solucionar problemas. O que ocorrerá agora com esse novo formato de avaliação é a velha e imprestável decoreba.

Todos nós sabemos que decorar não é sinônimo de aprendizado, e sim no mínimo prova de boa memória recente. Na verdade, o grande problema mesmo não está no formato do Enem ou no caduco sistema de selecionar estudantes. O que se deve discutir com todo objetivo de encontrar uma solução é a qualidade do ensino público. Se nossas crianças e jovens tivessem oportunidade de receber do Estado melhores condições de aprendizagem, com certeza o novo Exame seria apenas um detalhe.

Falta de tudo um pouco. Investimento e manutenção nas estruturas dos prédios escolares, qualificação dos docentes, material didático e por vezes a alimentação que necessita de controle nutricional. Essa sim seria uma boa discussão, se tratada a sério e com empenho bons resultados seriam alcançados.

O Exame Nacional do Ensino Médio também avalia o nível dos alunos nas escolas do País inteiro e serve como termômetro para o governo reconhecer os graus de deficiência do sistema educacional que comanda. O resultado obtido neste ano, com relação à aplicação da prova no ano de 2008, foi caótico. As escolas públicas atingiram os piores níveis possíveis de qualidade e se encontram nos últimos lugares nas tabelas de avaliação. O que demonstra que independente de exigir conteúdo decoreba ou não, os alunos do Estado não têm preparação para passar por grandes testes.

O correto é agir na melhoria da educação pública, começando pelas bases (ensino fundamental) e preparar bem os profissionais e apostar em um ensino que trabalhe todas as desenvolturas que serão exigidas do aluno futuramente. Esse investimento beneficiará todas as fases que o estudante precisa passar. Ele estará preparado para todo e qualquer desafio e avaliação. Este sim deve ser o raciocínio lógico do Estado. De que adianta cobrar se não é capaz de fazer? Para os futuros avaliados e despreparados, boa sorte!

7 comentários:

Diuan Feltrin disse...

Concordo com você Elissa. É ridículo efetuar mudanças drásticas em uma prova como o Enem sem se preocupar em melhorar a precária educação pública. Como garantir possibilidade de cursar uma universidade de qualidade a alunos que sequer aprenderam a interpretar um simples texto e efetuar cálculos essenciais?
A começar pela estrutura das escolas, tudo precisa ser modificado!

Unknown disse...

É preciso sempre lembrar das exceções. Pode ser que a maioria das escolas públicas necessitem de melhorias. Mas também há searas no meio deste deserto. O próprio Enem já revelou escolas públicas melhores do que particulares. Penso que o que falta mesmo, mais do que verbas, é gente comprometida: governantes, dirigentes, professores e alunos.

Suéllen Rosim disse...

A mudança do Enem será bastante significativa para muitos estudantes, e acredito que dificulta-lo mais ainda só fará dele um novo "vestibular",
concordo com o comentário feito pela professora Ayne, o que falta é o comprometimento da parte dos nossos governantes.

Francine Serrador disse...

Com certeza é muito mais fácil, e barato, para o governo aplicar um "termômetro" uma vez por ano que refazer o sistema falho da educação pública e elevar a inteligência e cultura da população... A questão verdadeira é: as autoridades querem um eleitorado que pensa?

Michele Bacelar disse...

O que falta é compromisso com a educação. A maioria dos professores publicos ficam presos a um ensino fajuto, e de má qualidade. Não adianta reformar as bases se não houver quem a sustente depois. Pior ainda é sair de uma palafita para construir um ensino na areia.

Gustavo Caldeira disse...

A plataforma de ensino em nosso país esta saturada, o Enem apenas expõe essa decadência do ensino publico.
A culpa é de quem? Governo, Professores, Escola, Pais, aluno?

Angélica Neri disse...

Gostei da maneira com que você abordou o assunto. Essa mudança na Educação do país realmente está causando uma grande polêmica.

No momento, o que podemos fazer?

Agora nos resta torcer para que os resultados dessas novas ideias sejam positivos...