segunda-feira, 18 de maio de 2009

E quem disse que só se é adulto depois dos 21?

Elissa Moreli, Fernanda Caselato, Francine Serrador, Isabela Machado, Lívia Gaspar, Naira Mendes, Luis Eduardo e Suéllen Rosim
Quinto semestre
Namorar uma mulher seis anos mais velha, assumir um filho aos 15 anos e ainda descobrir que dois de seus amigos também vão ser papais. Não é lá uma história que você conhece todo dia, não é mesmo? Fernandes Coelho tem 29 anos, é estudante do primeiro semestre de Publicidade e Propaganda e locutor do supermercado Passareli.

Com uma carinha de bebê e responsabilidade de um adulto normal, o rapaz carrega muita coisa na bagagem de sua vida. Hoje em dia, é comum encontrar jovens que já tenham filhos, mas é raro reconhecer aqueles que estão dispostos a assumir tal responsabilidade. Coelho já trabalhava como cartazista (responsável por produzir cartazes de propaganda) em um supermercado de Andradina, sua cidade natal, aos 13 anos de idade.

No colegial, assumiu a personalidade precoce ao se envolver com uma mulher de 21 anos, e engravidá-la. “Era uma coisa que não fazia muito sentido para mim; no colégio, eu tinha a vida de um garoto comum, mas quando chegava em casa e assistia televisão, parava para pensar nos meus problemas. Será que o He-Man (personagem de desenho animado) também passava por muitos problemas como eu?”, pensava o rapaz, contando de forma bem humorada. Mas, ainda numa situação complicada de sua vida, conseguia extrair pensamentos positivos.

Quando descobriu que mais dois de seus amigos também engravidaram suas namoradas, chegou à conclusão de que todos tinham problemas, que não estava “ferrado” sozinho e que a partir daquele momento teria que aprender a lidar com todos os obstáculos que surgiriam em seu caminho.

Diante de uma criação independente que a mãe de seu filho propôs, Coelho se sentiu rejeitado com a decisão da namorada, e seguiu determinado a enfrentar os desafios de seu destino. Comprou o jogo de quarto do bebê, chamou a moça para ir morar em sua casa e quis ter uma vida a dois. Assim, segundo ele, suas ações o tornariam um garoto mais seguro.

Tempos depois, interessado em procurar um canto para o casal, sempre com uma personalidade responsável, foi procurar uma residência para ter a independência íntegra para os dois. “Eu fui ao banco ver o financiamento de uma casa, mas para assumir esse negócio e poder ter o imóvel no meu nome, era preciso ser casado. Na mesma da hora que saí do banco, passei no cartório e perguntei quanto custava o casamento. O cartorário me respondeu que custava R$ 180, em duas vezes de R$ 90. Paguei a primeira parcela na hora mesmo, mas ainda assim era preciso de mais um tempo... Escolhida a data - uns 15 dias mais para a frente -, saí do cartório, passei na casa da minha noiva e avisei minha sogra e já estávamos combinando o churrasco... Chegou o dia e casei!”, conta.

Parece loucura? O espetáculo aconteceu mesmo quando Coelho decidiu festejar sua despedida de solteiro! “Lá em Andradina tudo é muito correto, e a polícia não permite que “casas noturnas” funcionem livremente... Mas nesse dia eu queria muito comemorar, com meus amigos, em uma festinha, afinal de contas eu ia casar! Uma diversão com uma “madona” diferente seria ótimo!”.

O problema é que ele não contava com uma viatura de polícia que passava ali naquele momento. Um de seus amigos que fazia parte do Tiro de Guerra, na intenção de impor respeito e evitar problemas, importou-se mais em tirar vantagem do que se safar da situação, e acabou piorando tudo. Vendo que não havia jeito de escapar, o noivo optou pela verdade. “Fui sincero com o policial; contei pra ele que só queria aproveitar meu último dia de solteiro, e que meus amigos também entrariam na farra. Felizmente, após eu receber uma sacaneada, ele liberou todos nós”.

Com tanta coragem para enfrentar a vida, Coelho, após idas e vindas nas aventuras pessoais, chegou a hora em que o lado profissional o chamava para fazer sucesso com os microfones. Depois de trabalhar muito tempo como cartazista, aos 20 anos de idade uma oportunidade surgiu na sua vida pra fazer a primeira locução. “Eu não tinha a intenção, mas acabou que aproveitei a chance. Deu certo. Até hoje trabalho com locução e é o que eu gosto de fazer de verdade”. Ele conta que já fez curso de radialista no Senac, e que por ter um estilo solto e falar muito pretende trabalhar com palestras futuramente.

Desde sempre Fernandes Coelho tinha pretensão de estudar Publicidade e Propaganda, mas os contratempos não permitiram que ele se dedicasse a realizar esse desejo. Optou pelo trabalho e por assumir as responsabilidades que certas atitudes lhe foram cobradas.

Hoje o pequeno notável que assumiu o filho aos 15 anos tem 14 a mais de experiência, que lhe permitem contar sua história com orgulho e naturalidade, o que possibilita presença de humor e sensação de que um bom diálogo ocorreu com os envolvidos no contar dos fatos.

4 comentários:

Isabela disse...

uma lição de vida repleta de aprendizados... texto maravilhoso, o melhor texto de todos os tempos da última semana!

Ricardo Moreira disse...

Na vida, temos que arcarcar com as consequências dos nossos próprios atos, o bom é que com isso adquirimos experiência.A história desse jovem se repete com milhares de brasileiros. Parabém meninas vocês conseguiram passar a emoção da narrativa nesta matéria.

Michele Bacelar disse...

Muito interessante essa história.
Quem o vê, nem imagina o que ocorreu em sua vida.

Fernanda C. disse...

concordo plenamente com vc minha cara amiga BELA!!! :)