Elissa Moreli
Quinto semestre
Estou divulgando o horário para quem se interessar a conhecer o programa, mas agora, direi o que me instigou a permanecer assistindo-o. Passava uma entrevista de grande valia com um guri de vinte e poucos anos tetraplégico, que desde os nove anos vivia sobre uma cama, aos cuidados da avó. Perdeu o movimento de todos os membros do pescoço para baixo após sofrer um acidente de carro.
No entanto, tudo que poderia apontar para que ele vivesse sem motivação alguma ou esperando a vida passar me surpreendeu quando o que vi foi totalmente o contrário. Ele se tornou um escritor. Já escreveu um livro (com a ajuda de um programa de computador, que por comandos de voz possibilita que ele registre na tela as palavras) com a colaboração da editora de sua obra. Também possui um blog que mantém atualizado. Fiz questão de anotar e visitar. Ele já deu palestras em vários lugares...
Enfim, um exemplo de vida! Herói mesmo por agradecer ao simples fato de estar vivo! Incrível, porque nós que temos pernas e braços perfeitos, possibilidades infinitas e saúde para criar, produzir muitas coisas boas e vivemos reclamando que a vida não é boa o suficiente. Pelo programa de computador, ele tem acesso ao mundo virtual, que faz questão de desfrutar diariamente. Vê-se que a internet e a tecnologia permitem a inclusão de pessoas que possui algum tipo de deficiência.
Não tendo assistido o bastante, de repente me deparo com uma repórter com Síndrome de Down entrevistando uma senhora em um parque. E ela fazia as perguntas com um conteúdo bacana. A senhora respondia naturalmente, e assim se seguiu toda a matéria - daí a meu julgamento, subestimando a inteligência da jovem repórter. Para finalizar a minha maravilhada surpresa, a apresentadora do programa, Juliana Oliveira, ao voltar do VT, estava em uma cadeira de rodas, concluindo o trabalho de mais um dia. Ela é formada em Publicidade, pela UFF/RJ, e desde 1998 é tetraplégica em consequência de um acidente de carro.
Depois de assistir tudo o que foi ao ar, com lágrimas nos olhos, pude compreender o verdadeiro significado do nome Programa Especial. Ao pesquisar a programação no site do canal, conheci o formato e trabalho dos profissionais que levam tudo ao ar. O programa é voltado para inclusão de pessoas com deficiência física ou mental, trata das dificuldades vividas por elas e também apresenta a nós, “normais”, o dia a dia desses personagens especiais da vida real, que muitas vezes, por hábito (muito mau por sinal) ou comodismo, ignoramos diariamente.
Assistir ao programa me fez abrir os olhos e lamentar que infelizmente a minoria assistiu a essa realidade tão importante. Se ao menos as televisões abertas se interessassem em abrir um espaço para mostrar que os indivíduos com deficiência são capazes de produzir trabalhos de qualidade, daria foco numa questão que merece ser discutida.
A oportunidade é uma atitude que pode fazer a diferença. O publico, tendo acesso a esse tipo de programação, poderá ser incentivado a se interessar a atuar na inclusão desses deficientes. Assim, a consciência e principalmente as atitudes viriam crescer cada dia mais na rotina das pessoas, que vivem num mundo de compromissos incessantes, sem tempo para olhar ao lado.
Quem se envolve nesse problema e defende a causa, julga ser impossível não parar e refletir sobre o que estamos fazendo por eles e por nós, pois com tanta saúde reclamamos por tão pouco, e eles com tão pouco fazem muito! Não sabemos o que poderá nos acontecer futuramente. Tomar atitudes simples, como procurar melhorar o meio físico (responsabilidade também das administrações públicas) e o relacionamento com essas pessoas, é colaborar com o nosso amanhã, que não é de nosso poder sabê-lo.
Portanto, fica aqui uma reflexão do quão é necessário dar oportunidade de conhecer o trabalho desses profissionais e se permitir compreender que, apesar de não terem saúde física ou mental integralmente, podem sim colaborar em nosso dia a dia, com conteúdo de qualidade em programações públicas. Vale a pena despertar o interesse e colaborar com mundos que, relativamente, não fazem parte do nosso diretamente.
2 comentários:
Não faz muito tempo o canal TV Escola exibiu um documentário sobre a vida de um rapaz deficiente físico, sobre suas superações em querer estudar e levar uma vida normal, descobrindo o seu grande talento com a pintura de quadros. Começou interessar se por arte. Com pincel preso em seu capacete conseguiu forma-se em artes. O rapaz participava das baladas com os amigos da faculdade e tudo mais até dançava.
O grande momento do documentário é quando ele é chamado para receber seu diploma, onde todos se levantam para aplaudir esse guerreiro de pé.
Acompanhei esse documentário com muita emoção.
A vida nos impõe barreiras cabe a nós superá-las ou não.
Legal você falar da TV Brasil, Elissa! A grande imprensa anda criticando muito... dizendo que é jornalismo chapa branca ou então que é muito dinheiro depositado à toa, pois poucos tem acessoa a ela. O que temos visto, no entanto, é uma programação de qualidade, que vale a pena ser incentivada. Adorei o texto ;)
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