Tecnologia: os tentadores e desconhecidos caminhos da evolução humana

Jean Fronho
Quinto semestre

As transformações que acontecem em uma sociedade são inicialmente de acesso de poucos, mas, conforme elas vão crescendo e atingindo cada vez mais importância, são assimiladas por um número cada vez maior de pessoas e proporcionam uma mudança na vida delas. Desde a descoberta do fogo, da roda, passando pelas grandes navegações e chegando hoje às grande invenções tecnológicas, as coisas se deram assim. Por mais que nem todos os homens, em princípio, dominassem todas as grandes descobertas, elas, mesmo que de forma indireta, influenciavam fortemente suas vidas.

Hoje em dia não é diferente. A tecnologia leva as pessoas cada vez mais para o mundo digital, e por mais que nem todas a acessem diretamente, suas vidas têm ligação direta com os avanços do mundo tecnológico. Uma pessoa idosa, que não tem a menor intimidade com os aparelhos modernos e ainda assim recorra a métodos antigos para armazenar e controlar seu dinheiro, não se pode dizer independente da tecnologia. Por mais que ela não faça transações via internet, todo o sistema que controla e coordenada as aplicações e andamento do dinheiro de sua aposentadoria, atendem a um sistema digital. Aliás, os alimentos que são produzidos para que ela se sustente, as roupas que ela veste, as contas que ela paga, estão todas subordinadas a um sistema digital.

Isso porque tal mudança já se encontra em uma fase quase consolidado, na qual, quanto mais nova for a pessoa, mais direcionada para esse meio será a educação que ela recebe. A vida digital ultrapassou os limites dos aparelhos e do controle de informações, atingindo a linguagem e a forma de ver o mundo. Palavras como “deletar”, e termos como "control c" e "control v" são comuns, principalmente na boca dos mais jovens. A vida real, em muitos casos, já perde espaço para a vida on-line, e o Second Life é um exemplo disso.

Videogame já é coisa comum para uma geração que vê no computar um imenso mar de jogos e opções para diversão. Os assuntos entre os jovens estão também cada vez mais ligados ao mundo digital, como se os assuntos tivesse que passar pelo crivo do “MSN”, do “orkut” e dos sites especializados em determinado assunto.

Nesse ponto, aliás, os blogs são um exemplo. Um blog se tornou um espaço para alguém dizer o que acha de importante, e tem a função de ser desde um diário pessoal até uma fonte de informação respeitada, o que aponta que o mundo digital abre espaço para uma interatividade cada vez maior e uma democratização na criação e transmissão da informação.

A vida na internet, além da interatividade, proporciona dinamismo, facilidade e uma abertura maior para as pessoas verem e serem vistas. A rede parece ter diminuído o mundo, possibilitando que em questão de segundos alguém saiba e veja o que está se passando em outro ponto do planeta. Parece que os oceanos viraram poças d ’água, puladas facilmente por quem queira transpor aos limites geográficos e ter contato com os diversos cantos da Terra.

Ao mesmo tempo, a vida on-line tem seus contratempos. A redução do contato humano pode levar a um comportamento cada vez mais plástico e artificial. A própria criatividade pode ser comprometida, uma vez que crianças deixam de inventar e imaginar os próprios brinquedos para mergulharem em uma vida cheia de opções prontas de diversão. A vida real pode também sucumbir à virtual, e as pessoas deixarão de ser aquilo que são, transformando-se em sombras projetadas daquilo que consideram ideal.

Sejam lá quais forem os rumos futuros dos caminhos da tecnologia que “tudo conquista”, não devemos perder a noção de que o homem criou a máquina e não foi criado por ela.

Por mais que usemos cada vez mais os aparelhos eletrônicos, e os tenhamos a nosso favor (como já vemos os robôs), não poderemos esquecer que a vida humana deve predominar e qualquer advento de uma nova máquina deve ser vida auxiliar a vivermos melhor. A tecnologia deve ser encarada como sendo um meio de evolução e nunca de autodestruição.